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O que a psicologia tem a ver com os seus investimentos?

26/04/2024

O que a psicologia tem a ver com os seus investimentos?

Você já parou para se perguntar se psicologia e investimentos têm algo em comum? 

A resposta é sim. E muito!

A ligação é tão forte, que já existe uma área de estudo que mescla psicologia, economia e investimentos, chamada de finanças comportamentais.

E o que se descobriu ao longo das últimas décadas foi de tirar o sono de qualquer um.

 

Uma peça faltando no quebra-cabeças

Desde o seu surgimento, ali pelos séculos XVIII e XIX, a economia sempre trabalhou com a ideia do homem como um ser racional.

Em outras palavras: todos buscam o máximo de bem-estar e tomam, em qualquer situação, decisões que os levam nessa direção.

A partir daí foram desenvolvidos vários modelos econômicos, buscando prever ciclos, movimentos de mercado, preços e, em última instância, o comportamento das pessoas.

Mas, por algum motivo, as coisas não andavam do jeito esperado. Parecia que faltava uma peça no quebra-cabeças.

Até que, em 1979, o mundo percebeu que não era só uma peça que faltava… mas várias.

 

Nascem as finanças comportamentais

Esse foi o ano da publicação do artigo “Prospect Theory: An Analysis of Decision Under Risk”, dos psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky, considerado por muitos como o marco de nascimento das finanças comportamentais.

O que os pesquisadores fizeram, em linhas gerais, foi mostrar que nem você e nem eu somos máquinas.

Todos temos emoções e isso influencia diretamente nas nossas tomadas de decisões.

Por isso, supor que as pessoas vão sempre se comportar buscando o máximo de benefício é um grande erro. E qualquer modelo que parta desse pressuposto tem tudo para dar errado.

Resumidamente, era hora de virar de cabeça para baixo toda a história da ciência econômica…

 

Os vieses comportamentais

Nosso cérebro funciona de uma forma um pouco curiosa.

Quando vivenciamos uma situação qualquer, nossa mente busca, nas memórias que temos armazenadas, experiências anteriores parecidas e passamos a usar isso como uma referência para o que vamos fazer.

Pense naquela música que você escuta e que traz uma sensação boa, de uma época importante na sua vida.

Ou naquela comida que te lembra dos domingos em família na casa da sua avó.

Cheiros, visões, sons, toques... quando nos relacionamos com o mundo, o cérebro busca nos nossos “arquivos” internos situações parecidas e é daí que vêm as nossas primeiras reações.

Qual a importância disso? Toda!

Esse mecanismo de funcionamento faz com que a gente perceba a vida a partir de ideias, conceitos e experiências já existentes, ou seja: não partimos do zero.

E como não partimos do zero, estamos sempre enviesados. Quando recebemos uma proposta ou sugestão, quando nos deparamos com um problema ou quando temos uma escolha importante para fazer, o passado vai ter um impacto grande na nossa decisão.

 

Paris já não é mais a mesma

Imagina que você fez uma viagem para Paris no ano passado. A expectativa era imensa, mas no fim deu tudo errado: a bagagem foi extraviada, o hotel era bem diferente das fotos, choveu todos os dias e a Torre Eiffel ainda estava fechada para reforma.

Se você receber um convite para voltar este ano, qual vai ser a sua reação?

Claro que você pode decidir tentar de novo, mas não tem jeito: a sua primeira reação vai ser negativa. O seu cérebro vai acessar a caixinha “Paris”, que ficou com uma etiqueta bem grande, escrita “Nunca mais” e é daí que você vai partir.

O mesmo que acontece com Paris, acontece também com os seus investimentos.

Um ganho anterior na bolsa, fruto da mais pura sorte, pode te levar a assumir riscos grandes demais, na expectativa de que tudo vai se repetir.

Ou o contrário: uma grande oportunidade de investimento, que não deu certo por um detalhe, pode te traumatizar de tal forma que várias oportunidades imperdíveis podem ser desperdiçadas no futuro por causa disso.

 

A psicologia tem tudo a ver com os seus investimentos

Então, não tenha a menor dúvida disso: a psicologia tem tudo a ver com os seus investimentos.

Quer se tornar um investidor de sucesso?

Comece entendendo que o seu maior inimigo pode ser você mesmo. As suas emoções são essenciais na sua vida e formam a pessoa que você é.  Mas precisam ficar fora da sua jornada no mercado financeiro.

E a melhor forma de fazer isso é criando uma boa estratégia de investimentos.

Tenha um método claro, com começo, meio e fim. Saiba aonde você vai aplicar o seu capital e qual a razão. Tenha bem claros os critérios para escolher este ou aquele produto financeiro e o que vai te levar a mudar a escolha.

Defina de que forma você fará o acompanhamento da sua carteira e como será a gestão de risco disso tudo.

Com tudo escrito e bem alinhado, aí vem a parte realmente complicada: seguir a estratégia e não deixar as emoções tomarem conta de tudo.

A trilha é longa e não é simples, mas o resultado vai valer a pena.

Bons investimentos! 

 

Marcelo Pinheiro, CFP®

Sócio-fundador e CEO da Apli

Consultor CVM e planejador financeiro pessoal com certificação CFP® (Certified Financial Planner)