O ano de 2023 terminou com forte alta na bolsa brasileira e bastante otimismo dos investidores. Será que esse cenário vai se manter em 2024?
Entenda o que esperar para o ano e tome as melhores decisões para os seus investimentos.
O mercado internacional vai ditar o ritmo (como sempre)
A primeira questão que precisa ficar clara é que o Brasil não está sozinho no mundo. E, mais do que isso: somos muito pequenos perto das principais economias mundiais, o que significa que vamos sempre depender do que acontece lá fora.
Portanto, qualquer previsão para os seus investimentos deve, necessariamente, partir das previsões para o mercado internacional.
E aqui começa a ficar interessante: as expectativas são boas para o ano.
Falando primeiro da economia americana, cujo impacto é gigantesco no Brasil, o cenário de recessão mais severa, tanto falado e previsto pelos especialistas, não chegou.
Na Europa e na China, as expectativas são mais preocupantes; porém, o Brasil, por uma série de razões que incluem a sorte, inicia o ano em uma posição privilegiada no mercado internacional, o que pode pesar bastante nessa balança e equilibrar os riscos.
Vamos entender: o Brasil faz parte de um grupo de países chamados de emergentes. Nessa turma estão, também, países como: Colômbia, Chile, México, Turquia, Rússia, África do Sul e Índia. Os grandes investidores internacionais, quando montam suas carteiras, geralmente destinam uma fatia do portfólio para esse tipo de aplicação e o Brasil está muito bem posicionado na fila.
Apesar de todos os problemas que temos por aqui, quando comparados aos nossos pares emergentes, estamos em uma posição de destaque, com alguma estabilidade política, independência do Banco Central, reformas recentes importantes e sem envolvimento em conflitos militares.
Por isso, a perspectiva de entrada de capital estrangeiro é boa, o que tende a impulsionar ativos de risco como a bolsa de valores.
De olho na Selic
Internamente, seguimos no nosso ciclo de queda da taxa básica de juros (taxa Selic), que provavelmente vai determinar os rumos do ano.
A taxa Selic é a referência de toda a circulação de dinheiro no país. Dessa forma, o seu aumento ou redução impactam tanto as pessoas que emprestam dinheiro, quanto aquelas que pegam dinheiro emprestado.
Financiar um imóvel ou um carro, comprar um eletrodoméstico parcelado, pegar um empréstimo consignado ou usar o cheque especial. Tudo tende a ficar mais barato quando a Selic cai.
Na outra ponta, as aplicações de renda fixa passam a entregar menos retorno, levando os investidores a buscarem novas alternativas para seu capital. A tendência é a de vermos um fluxo grande de saída de recursos de ativos mais conservadores para opções mais arriscadas, como as ações.
Foi nesse cenário que iniciamos 2024 e a expectativa é de que o ciclo se mantenha por mais tempo. Entramos em janeiro com uma taxa Selic em 11,75% ao ano e já no fim do mês tivemos uma nova redução, para 11,25%. O mercado estima que chagaremos ao final do ciclo com a taxa em torno de 9%.
E qual a conclusão disso tudo?
Acompanhe comigo o raciocínio: se financiar fica mais barato, as pessoas compram mais. E se compram mais, as empresas vendem mais. Com isso, lucram mais e crescem. E contratam mais. Mais gente empregada significa mais gente comprando e, assim, o ciclo se retroalimenta.
Some a esse crescimento um fluxo considerável de capital indo da renda fixa para o mercado de ações: mais gente operando na bolsa, novas empresas abrindo o capital e as empresas atuais fazendo novas ofertas de ações.
Para terminar, considere ainda a entrada de capital estrangeiro daquela turma que investe em mercados emergentes.
Estão dadas as condições para um belo ano na bolsa de valores brasileira.
Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém
Mas, como em tudo na vida, cuidado é fundamental.
Principalmente no Brasil, onde até o passado é incerto, proteja sempre o seu capital. Diversifique e muito.
Tenha um limite para as suas aplicações em bolsa e mescle sempre sua carteira com ativos mais conservadores. Não importa se a renda fixa está entregando menos retorno: a função dela será a de proteger o seu patrimônio.
Falando das ações, estude muito cada empresa antes de decidir pela compra. Ou busque ajuda profissional, através de uma consultoria, casa de análise ou de um fundo de investimentos.
A ideia central aqui é: esteja preparado para surfar a tendência de alta que pode estar vindo por aí, mas sempre pronto para pular fora se tudo azedar de uma hora para a outra.
Foco na proteção do capital, risco controlado e cautela.
Essa é sempre a melhor forma de multiplicar o seu capital.
Marcelo Pinheiro, CFP®
Sócio-fundador e CEO da Apli
Consultor CVM e planejador financeiro pessoal com certificação CFP® (Certified Financial Planner)