Já parou para se perguntar como o seu gerente de banco ou como o seu assessor de investimentos são remunerados?
Durante muito tempo esse assunto foi empurrado para debaixo do tapete, mas é super importante falarmos disso.
Afinal, o impacto sobre os seus investimentos é grande e você precisa entender qual é.
Como um investimento chega até você?
Vamos começar entendendo o que é investir.
Investir significa emprestar dinheiro para alguém.
Quando compramos um título público, por exemplo, estamos emprestando para o governo federal. Se compramos um Certificado de Depósito Bancário (CDB), emprestamos para um banco e por aí vai.
A questão aqui é que, na grande maioria dos casos, essa entrega do dinheiro não é feita diretamente para o destinatário, mas sim por uma rede de intermediários. E esses intermediários cobram para isso.
Imagina que você vai a um supermercado e compra algum produto para sua casa. Concorda que o preço deve ser maior do que se você comprasse diretamente do produtor? Para fazer o produto sair da fábrica e chegar até você existe uma rede de distribuição, com empresas que cobram pelo serviço prestado. E esse valor é embutido no preço final que você paga. O atacadista recebe, o supermercado recebe e no final das contas você acaba pagando mais pelo mesmíssimo produto.
Esse mesmo modelo se aplica aos investimentos. Quando você investe através de um banco ou de uma corretora, a maneira mais certa de encará-los é como um supermercado, um shopping de produtos financeiros. Eles oferecem os produtos para você e, como todo intermediário, cobram para isso.
O custo dos intermediários
Aí vem a minha pergunta: você sabe quanto você paga para o seu banco ou para a sua corretora? Sabe em que momento você paga? E com relação ao seu gerente de conta ou assessor de investimentos, sabe quanto ele recebe?
Todos são remunerados por comissão.
Do mesmo jeito que você compra um saco de feijão ou uma caixa de sabão em pó no mercado, pagando um preço maior do que o original, quando você compra um título de renda fixa ou um fundo de investimentos você paga uma comissão embutida para a corretora ou para o banco. Na prática, isso significa que essa turma dá uma bela mordida em parte da sua rentabilidade.
E por que isso é tão pouco divulgado?
Chegou a hora de falarmos sobre conflito de interesses.
Interesses em choque
Cada tipo de investimento tem a sua própria estrutura de comissionamento e, mais do que isso, a sua própria taxa de remuneração.
Produtos similares podem gerar a mesma rentabilidade para você, mas comissões completamente diferentes para o seu banco ou corretora.
Agora imagina esse cenário aqui: de um lado um produto péssimo, com baixa rentabilidade e alto risco, mas que paga uma comissão bem gorda para a sua corretora e, por consequência, para o seu assessor. De outro, um ótimo produto, seguro e com boa rentabilidade, mas que não gera nenhuma comissão para a instituição financeira.
Consegue perceber o conflito que existe aí?
Esse modelo coloca, em muitos casos, o seu interesse em uma posição completamente oposta ao do seu gerente ou assessor.
Claro que existe muita gente séria, que vai te indicar a melhor opção sem parar para pensar no impacto que isso vai ter na própria remuneração no final do mês. Mas concorda que o modelo em si é ruim? A estrutura é errada e abre espaço para uma série de problemas.
Como resolver isso
E existe solução?
Sim.
Olhando para fora do Brasil, nos principais mercados financeiros da Europa e dos Estados Unidos, vemos esse modelo de pagamento de comissões em vias de extinção.
O comissionamento vem dando lugar a um outro sistema, baseado na cobrança de taxas sobre o patrimônio investido. Ao invés de ganhar por produto indicado, a instituição financeira recebe apenas um percentual sobre o patrimônio do cliente e a principal diferença é o alinhamento de interesses.
No modelo novo, quanto mais o investidor ganha, mais a instituição ganha também. E o gerente ou assessor de investimentos dá lugar a um outro profissional, que os americanos chamam de Registered Investment Advisor (RIA) e no Brasil recebe o nome de Consultor de Investimentos.
O Consultor não recebe nenhum tipo de comissão embutida, sendo remunerado exclusivamente pelo cliente, por um valor fixo ou por uma taxa sobre o patrimônio.
Esse segundo modelo não chega a ser uma grande novidade aqui no Brasil, pois já é utilizado pelos multimilionários há muito tempo. As grandes gestoras de patrimônio, os chamados family offices ou multi family offices, sempre atuaram dessa forma.
O que muda é que agora isso está disponível para você.
Agora é com você
Ninguém tem dúvidas de que a remuneração por comissão é péssima, mas os bancos e corretoras só vão começar a se movimentar quando o investidor passar a não aceitar mais esse tipo de tratamento.
Já existem corretoras no Brasil oferecendo o modelo de taxa para seus clientes, independentemente do valor do patrimônio investido.
Já temos, também, consultorias oferecendo serviços sem valor mínimo para início.
Pesquise, entenda exatamente o que a sua corretora ou o seu banco estão cobrando de você e tome a melhor decisão para o seu futuro financeiro.
Vai fazer toda a diferença.
Marcelo Pinheiro, CFP®
Sócio-fundador e CEO da Apli
Consultor CVM e planejador financeiro pessoal com certificação CFP® (Certified Financial Planner)